Alexander Luria

Ao buscar estudar a psicologia do adulto civilizado, devemos lembrar que ela é o resultado de uma evolução complexa, na qual convergem pelo menos três caminhos. O primeiro deles é a evolução biológica do animal para o homem; o segundo, o desenvolvimento histórico-cultural, por meio do qual o homem civilizado contemporâneo gradualmente evoluiu desde os primitivos; e a terceira, o desenvolvimento individual de cada pessoa (ontogênese), por meio da qual o pequenino recém-nascido, passando por várias fases, se transforma em criança em idade escolar e, posteriormente, em adulto civilizado.

Alguns cientistas (defensores da chamada “lei biogenética”) acreditam que não devemos estudar cada uma dessas vias de desenvolvimento separadamente e isoladamente; que a criança em desenvolvimento, em todos os aspectos essenciais, repete os traços de desenvolvimento de sua espécie e, durante os poucos anos de sua própria vida individual, segue o caminho percorrido por aquela espécie por muitos milhares e dezenas de milhares de anos.

Não temos essa visão. Acreditamos que o desenvolvimento do macaco em homem, do primitivo em um representante da era civilizada e da criança em adulto toma um curso substancialmente diferente, sob a influência de fatores únicos, e passa por algo único e muitas vezes irreproduzível formas e fases de desenvolvimento.

Por isso, ao abordarmos o estudo do adulto civilizado, devemos considerar, além da evolução do comportamento dos animais e do homem primitivo, o caminho percorrido pelo desenvolvimento do comportamento na criança.

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