A Polícia Federal do Brasil anunciou que o sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro está sob investigação em conexão com o ataque de 8 de janeiro a prédios do governo em Brasília.

Leonardo Rodrigues de Jesus, também conhecido como Leo Índio, é o primeiro membro da família de Bolsonaro a ser alvo público das investigações.

Sua casa foi revistada em uma série de batidas na sexta-feira, parte de uma investigação em andamento sobre os autores do ataque, que foi liderado por apoiadores pró-Bolsonaro.

“Hoje, a Polícia Federal cumpre 11 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão contra golpistas e terroristas”, escreveu o ministro da Justiça, Flávio Dino, no Twitter na sexta-feira. “A autoridade da lei é maior do que os extremistas.”

Em 8 de janeiro, de Jesus postou fotos e vídeos da Praça dos Três Poderes em Brasília, onde centenas de manifestantes de extrema-direita se reuniram para protestar contra a posse do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva uma semana antes.

Alguns dos manifestantes pediram que os militares restaurassem o poder de Bolsonaro, após sua derrota no segundo turno contra Lula em outubro. A multidão ultrapassou as barricadas de segurança, invadindo prédios que representam três poderes do governo – Congresso, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto – e causando danos significativos.

Em uma selfie postada em suas redes sociais, de Jesus fica de olhos vermelhos em meio aos manifestantes, fato que ele atribui ao gás lacrimogêneo. Ele acusou a polícia de atacar os manifestantes, escrevendo: “Procurem os verdadeiros hooligans e também os covardes disfarçados de patriotas”.

As autoridades classificaram os eventos de 8 de janeiro como o pior ataque ao governo do Brasil desde seu retorno à democracia na década de 1980.

Desde então, o Supremo Tribunal do Brasil, liderado pelo ministro Alexandre de Moraes, emitiu mandados para revistar as casas e escritórios pertencentes a vários indivíduos, incluindo Ibaneis Rocha, o governador de Brasília, a quem de Moraes suspendeu por 90 dias.

A Polícia Federal havia dito anteriormente que as buscas visam identificar aqueles “que participaram, financiaram ou fomentaram” os protestos antidemocráticos. Eventuais acusações podem incluir crimes contra a democracia e associação criminosa.

Dino, o ministro da Justiça, aplaudiu as investigações policiais, chamando os participantes do protesto de “golpistas”.

De Jesus já havia usado sua plataforma nas mídias sociais para compartilhar informações falsas sobre a eleição presidencial de outubro e os protestos de extrema-direita, incluindo a alegação infundada de que os eventos de 8 de janeiro foram infiltrados por esquerdistas violentos.

Em 2022, de Jesus também concorreu a um cargo público, perdendo a campanha para vereador do Distrito Federal.

Ele, no entanto, manteve relações pessoais e profissionais com Bolsonaro e seus filhos, especialmente Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro e chefe das operações digitais de seu pai.

Carlos Bolsonaro contratou Jesus como assessor no Rio de Janeiro, antes de Jesus se mudar para Brasília. Lá, de Jesus assumiu cargos como parte de uma equipe de gabinete do senador e como assessor do conservador Partido Liberal de Bolsonaro no Senado.

Ele perdeu o cargo, no entanto, depois que relatos da mídia revelaram que ele atuou como um “funcionário fantasma”, recebendo contracheques, mas não comparecendo ao trabalho.

Desde 2021, autoridades do Rio de Janeiro também investigam Jesus depois que surgiram alegações de que Flavio Bolsonaro – outro dos filhos do ex-presidente – havia transferido dinheiro para Jesus de seu gabinete na Câmara Municipal. De Jesus também teria recebido fundos públicos para o aluguel.

A Suprema Corte do Brasil solicitou que de Jesus seja colocado em prisão preventiva por seu papel no ataque de 8 de janeiro, mas a polícia não o prendeu até agora. De Jesus declarou que não tem dinheiro para pagar seus advogados para recorrer da ordem.

Os ataques de sexta-feira são o ataque mais recente de uma série de medidas em andamento destinadas a desmantelar as forças antigovernamentais no Brasil.

Na quarta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Alexandre de Moraes multou a plataforma de mensagens Telegram em R$ 1,2 milhão (US$ 234.865) por não suspender contas vinculadas à desinformação entre apoiadores pró-Bolsonaro, conforme determinado por ordem judicial.

E em 21 de janeiro, Lula demitiu um chefe do Exército, general Julio Cesar de Arruda, por não obedecer às ordens do governo para limpar um acampamento de apoiadores pró-Bolsonaro que participaram do ataque de 8 de janeiro.

Fonte: www.aljazeera.com

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