O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva conversou com seu colega venezuelano, enquanto Nicolás Maduro fez sua primeira visita ao Brasil em anos, em um sinal de aquecimento dos laços entre as duas nações sul-americanas.

Maduro foi recebido por uma guarda de honra no palácio presidencial brasileiro na capital Brasília na segunda-feira, quando Lula o cumprimentou com um abraço e um tapa nas costas.

Esperava-se que os dois líderes de esquerda assinassem vários acordos em um esforço para fortalecer os laços após um período de hostilidade durante o mandato do antecessor de direita de Lula, Jair Bolsonaro, que proibiu Maduro de entrar no Brasil em 2019.

O Itamaraty disse em comunicado que Lula e Maduro – que devem participar de uma reunião de líderes sul-americanos na terça-feira – planejam discutir a normalização das relações e a reabertura de suas respectivas embaixadas.

“Estamos vivendo um momento histórico”, disse Lula no Twitter, dando as boas-vindas ao líder venezuelano no Brasil.

“Depois de 8 anos, o presidente @NicolasMaduro volta a visitar o Brasil e recuperamos o direito de fazer política de relações internacionais com a seriedade que sempre fizemos, principalmente com os países que fazem fronteira com o Brasil.”

Maduro twittou no domingo que estava “agradecido pela recepção calorosa”.

Depois de suas conversas com Lula, o líder venezuelano disse que proporia que a América do Sul como região pedisse aos Estados Unidos que suspendessem suas sanções contra o país.

Maduro também disse que seu país quer fazer parte do grupo BRICS de nações emergentes líderes, com Lula dizendo que pessoalmente seria a favor de uma candidatura da Venezuela para se juntar a ele.

Lula é o mais recente líder de esquerda na região a restabelecer as relações com o governo Maduro, que enfrentou um período de isolamento internacional em meio a acusações de ter reprimido a oposição política e as liberdades civis na Venezuela.

As relações entre a Colômbia e a Venezuela melhoraram recentemente quando o presidente de esquerda da Colômbia, Gustavo Petro, que assumiu o cargo em agosto de 2022, se afastou do caminho mais conflituoso de seu antecessor conservador, Ivan Duque.

Os dois países restabeleceram relações diplomáticas e tomaram uma série de medidas para expandir as relações, como a flexibilização das restrições de viagem em sua fronteira comum. Petro e Maduro realizaram uma reunião bilateral na capital venezuelana de Caracas em novembro.

E no início deste mês, a Colômbia e a Venezuela também anunciaram que aumentariam a presença militar na fronteira, onde atuam grupos criminosos e armados.

Mas a decisão de Lula de reatar as relações com o governo de Maduro atraiu críticas de opositores. “O Brasil voltou a receber ditadores sul-americanos com honras de Estado”, escreveu o senador da oposição Sergio Moro no Twitter.

Sob Bolsonaro, o Brasil proibiu Maduro e muitos membros de seu governo de entrar no país e reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela.

Em contraste, Lula, que já liderou o Brasil de 2003 a 2010, cultivou laços estreitos com o predecessor e mentor de Maduro, Hugo Chávez.

“Não importa se os dois governos estão de acordo, a Venezuela é vizinha e não pode ser ignorada ou ter relações diplomáticas rompidas, pois temos questões práticas que precisam ser resolvidas”, disse Carolina Silva Pedroso, professora de relações internacionais da São Paulo. Universidade Federal de Paulo.

cimeira regional

Enquanto isso, analistas disseram que Lula espera que a cúpula regional desta semana seja uma oportunidade para uma maior integração – e um teste para a disposição dos líderes de cooperar por meio de uma União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) revivida.

Estabelecido pela primeira vez há 15 anos na capital do Brasil durante o segundo mandato presidencial de Lula, o bloco regional buscou integrar as 12 nações sul-americanas cultural, social, política e economicamente.

A última reunião com todos os membros da UNASUL ocorreu em 2014. Depois de 2017, divergências sobre a liderança do bloco e a participação de Maduro levaram sete países a se retirarem, incluindo o Brasil em 2019 sob o governo de Bolsonaro.

“O maior problema da Unasul é que ela foi construída em um momento em que havia líderes de esquerda e se despedaçou quando surgiram líderes de direita”, disse Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas, uma universidade e centro de estudos em São Paulo.

“É fácil falar sobre seu retorno agora, mas eles precisam pensar em maneiras de fazer essa segunda tentativa durar.”

A reunião de terça-feira em Brasília incluirá Lula, Maduro e outros nove líderes regionais, com a presidente peruana Dina Boluarte sendo a única ausência esperada.

O governo de Boluarte tem enfrentado crescente isolamento diplomático na América Latina por causa de sua resposta aos protestos em todo o país após a deposição do ex-presidente esquerdista Pedro Castillo, que tentou dissolver o parlamento em um movimento amplamente visto como ilegal.

Fonte: www.aljazeera.com

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