Protestos estudantis em Gaza se espalham pela Grã-Bretanha

MILHARES de estudantes pró-Palestina em toda a Grã-Bretanha estão a mobilizar-se nas suas universidades para exigir o fim da “cumplicidade no genocídio de Israel” na sequência de manifestações violentas nos campi dos EUA.

Estudantes de Leeds, Newcastle, Manchester, Sheffield e Bristol juntaram-se aos seus pares em Warwick armando tendas à porta dos edifícios universitários em protesto contra a guerra em Gaza.

Os estudantes de Bristol disseram que estavam a valorizar a acção “em protesto contra a cumplicidade da universidade no genocídio dos palestinianos por Israel”, enquanto o Apartheid Off Campus Newcastle disse que a sua própria acção era “destacar a estratégia de investimento da instituição e a sua cumplicidade nos crimes de guerra dos militares israelitas”.

Ativistas estudantis em outros lugares também realizaram marchas e protestos.

O acampamento da Universidade de Warwick está montado na praça há uma semana.

Os grupos apelaram às suas universidades para que desinvestissem em Israel durante o bombardeamento da Faixa de Gaza.

Os apoiadores são convidados a doar alimentos, bebidas e produtos de higiene para o acampamento.

Centenas de estudantes manifestantes em 30 campi nos EUA foram violentamente presos pela polícia após ações que duraram semanas, com imagens de vídeo circulando online mostrando policiais com equipamento de choque jogando os manifestantes no chão e pisoteando suas costas.

O acampamento da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, foi o mais atingido depois de ser atacado por contramanifestantes na noite de terça-feira, deixando 15 pessoas feridas.

Os acampamentos se espalharam internacionalmente, inclusive em Toronto, British Columbia e Montana, no Canadá, bem como em Melbourne, Sydney, Adelaide e Perth, na Austrália.

Uma pesquisa realizada pela Campanha de Solidariedade à Palestina (PSC) para a sua campanha “Apartheid Fora do Campus” mostra que as universidades na Grã-Bretanha têm investimentos de quase 430 milhões de libras em empresas que apoiam Israel.

Muitas universidades também têm parcerias académicas com universidades israelitas que estão profundamente envolvidas na tecnologia militar israelita e na ocupação do território palestiniano.

No acampamento da Universidade de Sheffield, o estudante Ali Jacques disse:

Reunimo-nos como uma frente unida de estudantes, funcionários e ex-alunos das universidades de Sheffield para protestar tanto contra a campanha genocida empreendida pelo Estado israelita como contra a cumplicidade da nossa instituição nela.

Ele disse que os estudantes têm três demandas: desinvestimento, boicote e responsabilização.

Senhor Jaques disse:

Apelamos à Universidade de Sheffield para que se desfaça da produção de armas.

A universidade não deveria ajudar no fornecimento de instrumentos de guerra a um estado genocida.

Exigimos que a instituição corte todos os laços com as universidades israelitas, bem como com os fabricantes de tecnologia afiliados a Israel, que estão habituados a vigiar fortemente os palestinianos e os estudantes aqui em Sheffield.

Exigimos um boicote a estas instituições, que estão enredadas na maquinaria violenta da expropriação palestina, da ocupação, do encarceramento, do cerco e, mais recentemente, do genocídio.

Responsabilizamos a Universidade de Sheffield pela sua cumplicidade no genocídio do povo palestiniano.

A comunidade do campus exige que a universidade concorde com uma reunião com alunos e funcionários.

Ele disse que as ocupações globais eram vitais, acrescentando:

Estudantes de todo o mundo estão unidos numa só voz, e essa voz clama pelos palestinos.

O diretor do PSC, Ben Jamal, disse:

Os estudantes têm estado na vanguarda de muitas campanhas progressistas, desde a era dos direitos civis e da guerra do Vietname até ao momento presente, em que Israel está a conduzir um genocídio diante dos nossos olhos.

Não podemos permitir que isso aconteça com a cumplicidade das universidades britânicas que investem nas empresas que fornecem a violência genocida de Israel.

Ele disse que os estudantes foram forçados a agir à medida que as universidades “se tornaram um ambiente repressivo” para os palestinos e os apoiam, com o incentivo do governo.

“Saudamos todos os estudantes que se posicionam e exigem o fim da cumplicidade do Reino Unido”, disse ele.

Eles têm a clareza moral e os princípios éticos que tanto faltam aos nossos administradores universitários e líderes políticos.

A secretária da National Women Against Pit Closures (WAPC), Heather Wood, comparou os acampamentos de estudantes aos estabelecidos por mulheres de comunidades mineiras durante a degradação da indústria de mineração de carvão pelos conservadores na década de 1990.

Ela visitou hoje o acampamento estudantil de Newcastle dizendo que os alunos eram “muito organizados, acolhedores e bem informados”.

“É tão bom ver a próxima geração se levantando. Eu não conseguia acreditar”, disse ela.

Sarah Leah Whitson, da Democracia para o Mundo Árabe Agora, disse: “O uso da polícia municipal para desmantelar protestos pacíficos em campi universitários nos Estados Unidos, juntamente com a legislação proposta para punir os americanos por criticarem Israel, é um ataque perigoso à nossa democracia e um sinal do autoritarismo muito rastejante que infecta grande parte do mundo.

A administração Biden tem sido uma vergonhosa cúmplice no sacrifício da liberdade de expressão americana e da sociedade civil no altar dos interesses e exigências israelitas.