O ministro alemão diz que o novo governo do Brasil oferece ‘grande chance’ de proteger a floresta tropical após a destruição generalizada.

A Alemanha prometeu dezenas de milhões de dólares para ajudar o Brasil a defender a floresta amazônica, um ecossistema global crítico que sofreu anos de devastação sob o governo do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.

Durante uma entrevista coletiva em Brasília na segunda-feira, a ministra do Desenvolvimento alemã, Svenja Schulze, anunciou que Berlim disponibilizaria US$ 38 milhões para o Fundo Amazônia, um mecanismo internacional amplamente financiado pela Noruega que visa prevenir o desmatamento.

Em 2019, Bolsonaro – que promoveu maior desenvolvimento econômico na Amazônia e afrouxou as salvaguardas ambientais – dissolveu o comitê gestor que seleciona projetos sustentáveis ​​para financiar, levando Alemanha e Noruega a congelar suas doações.

“Com o novo governo e a equipe de [Brazil’s] President Luiz Inacio Lula da Silva and [environment] Ministra Marina Silva, temos uma grande chance de proteger a floresta e oferecer uma nova perspectiva para as pessoas que vivem lá”, disse Schulze.

A Alemanha também prometeu fornecer US$ 87 milhões em empréstimos a juros baixos para agricultores restaurarem áreas degradadas e US$ 34 milhões para os estados brasileiros na região amazônica protegerem a floresta tropical.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (à direita) se reúne com o chanceler alemão Olaf Scholz no Palácio do Planalto em Brasília em 30 de janeiro de [Ueslei Marcelino/Reuters]

“Apesar de todas as dificuldades, do aumento do desmatamento, da grilagem, das queimadas, da situação precária das populações indígenas, vemos nisso uma oportunidade de reverter toda essa situação”, disse Lula também durante a entrevista coletiva.

O anúncio foi feito pouco antes do desembarque do chanceler alemão Olaf Scholz no Brasil na tarde de segunda-feira, tornando-o o primeiro líder ocidental a se encontrar com Lula desde que o presidente brasileiro tomou posse no início deste mês.

O líder de esquerda, que derrotou Bolsonaro por pouco no segundo turno das eleições de outubro, prometeu lutar pelo “desmatamento zero” na Amazônia, cerca de dois terços da qual está no Brasil.

A floresta tropical é fundamental para a luta global contra as mudanças climáticas e grupos de direitos humanos denunciaram as políticas do governo Bolsonaro como levando a um aumento na destruição, bem como ameaças crescentes contra comunidades indígenas na região.

O desmatamento na seção brasileira da floresta tropical aumentou 150% em dezembro em relação ao ano anterior, segundo dados do governo, para 218,4 quilômetros quadrados (84,3 milhas quadradas) de cobertura florestal destruída.

Após a vitória eleitoral de Lula, o Greenpeace Brasil havia chamado o novo governo brasileiro a reconstruir os órgãos governamentais encarregados de proteger o meio ambiente – uma medida que chamou de “urgente”.

A Human Rights Watch também instou Lula a colocar os direitos humanos no centro de suas políticas e fortalecer “a aplicação da lei para combater a destruição da Amazônia e as ameaças e ataques contra os defensores da floresta”.

Na segunda-feira, Lula disse que o dinheiro do Fundo Amazônia seria usado em emergências, incluindo a crise de saúde indígena no norte do Brasil, onde o povo Yanomami sofre de desnutrição e doenças trazidas para sua região pela indústria ilegal de mineração de ouro.

“Não tenho dúvidas de que houve uma atitude genocida em relação às comunidades indígenas”, disse, culpando o governo Bolsonaro pelo descaso. Lula declarou na semana passada emergência médica no território Yanomami, a maior reserva indígena do país.

Fonte: www.aljazeera.com

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