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Este artigo faz parte do Série do 100º aniversário do People’s World.
O dia 4 de abril de 2024 marca o 75º aniversário da criação da OTAN – a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Quando a NATO foi formada em 1949, os seus apologistas da Guerra Fria alegaram que a sua missão seria repelir a “agressão soviética”, uma mentira enraizada no anticomunismo. A verdadeira força expansionista na Europa, então, como agora, foi o imperialismo dos EUA, que iniciou a NATO como parte da sua política de cercar a União Soviética. O verdadeiro objectivo da OTAN era destruir a URSS – uma obsessão que incluía até planos para uma guerra nuclear preventiva.
A segunda missão da OTAN era garantir a hegemonia militar e política dos EUA sobre os seus “aliados” europeus. O Comandante Supremo Aliado da OTAN sempre foi um americano, e o Comando Supremo Aliado-Europa está baseado em Norfolk, Virgínia, embora o “quartel-general” oficial esteja no continente. Os membros europeus da NATO sempre foram parceiros juniores, recebendo ordens do Pentágono.
A aliança alcançou o seu objectivo principal quando o socialismo foi destruído na Europa de Leste e a União Soviética se desintegrou entre 1989 e 1991. É claro que isso não significou que o imperialismo norte-americano fez uma pausa ou que a NATO fechou as portas. A promessa que os líderes ocidentais fizeram ao líder soviético Mikhail Gorbachev, quando a Guerra Fria terminou, de que a OTAN não se expandiria para leste foi quebrada quase imediatamente após ter sido feita.
A República Democrática Alemã – Alemanha Oriental – foi o primeiro estado alinhado à União Soviética a ser absorvido, em 1990. Nos anos que se seguiram, os países do antigo Pacto de Varsóvia, como a República Checa, a Polónia, a Hungria, a Roménia, a Eslováquia e outros, foram engolidos. . Mais tarde, até as antigas repúblicas da URSS – Lituânia, Letónia e Estónia – foram incluídas no pacto.
Com a Rússia enfraquecida, a OTAN também começou a envolver-se mais directamente na agressão armada, começando com as Guerras dos Balcãs e o desmantelamento gradual da Jugoslávia na década de 1990. Após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, os membros da aliança juntaram-se à guerra liderada pelos EUA no Afeganistão e enviaram soldados para o Iraque. Mais tarde, os aviões da NATO participaram no bombardeamento da Líbia e ajudaram a forçar aquele país a uma guerra civil.
Apesar de espalhar os seus tentáculos em direção a novos alvos, a atenção nunca se desviou do confronto com a Rússia. Desde 2002, a NATO tem cortejado abertamente a Ucrânia para se juntar à sua aliança anti-Moscovo. Embora rejeitado pelo antigo Presidente Viktor Yanukovych, o golpe de 2014 na Ucrânia levou ao poder um governo de direita ansioso por se unir a Washington. Foram os EUA, claro, que ajudaram a colocar esse mesmo governo no poder.
As armas fornecidas pela NATO alimentaram a campanha de Kiev na guerra civil ucraniana no leste, sempre com o objectivo de separar o país da cooperação com a Rússia e abrir um caminho para uma eventual adesão à NATO. Foi a ameaça de tropas e armas controladas pelos EUA estacionadas numa Ucrânia alinhada com a NATO, um país que fazia parte do coração soviético, que desempenhou um papel importante no desencadeamento da guerra que eclodiu após a invasão russa de 2022.
Europa, Afeganistão, Médio Oriente, Norte de África, Ucrânia – nada disto provou ser suficiente para aqueles que lideram a NATO. Nos últimos anos, também se voltaram para o Pacífico, com o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, a declarar recentemente a China “uma ameaça à segurança e à democracia”. Tal como fizeram antes, as potências europeias estão a juntar-se a mais uma Guerra Fria.
Restringir a Rússia, conter a China.
É o mesmo velho jogo. Tal como tem acontecido desde a fundação da aliança, por trás de tudo está a determinação de proteger os interesses do imperialismo norte-americano e do capitalismo global – com o anticomunismo como um pilar ideológico fundamental quando necessário.
O artigo abaixo foi publicado no Daily Worker em 18 de março de 1949, poucos dias antes do então chamado “Pacto do Atlântico”, ser assinado em Washington. Os editores do jornal expuseram as verdadeiras razões pelas quais a NATO estava a ser fundada, como iria beneficiar os aproveitadores da guerra e a ameaça que representava para a paz mundial e a sobrevivência humana no planeta.
Bloquear os movimentos de guerra da OTAN e trabalhar para a abolição da aliança são hoje as principais tarefas do movimento pela paz neste país – tal como o eram em 1949.
Pacto Atlântico põe em perigo a sua família
Pelo Conselho Editorial do Daily Worker
Trabalhador Diário, 18 de março de 1949
Depois de longos acordos secretos, o Pacto Atlântico será apresentado ao povo americano na sua forma final.
Naturalmente, não vimos a fraseologia final bem cuidada. Isso não é importante. A verdadeira intenção do pacto ficou totalmente clara nas declarações vindas de Washington nas últimas semanas. Também ficou claro nas revelações vindas de capitais estrangeiros.
Independentemente da forma como o distribuam, este Pacto Atlântico é uma aliança militar de longo alcance cujo único e único objectivo é a preparação da Europa e dos EUA para a guerra.
Não importa o quanto e quão cinicamente os patrocinadores do pacto pronunciem frases sobre paz e defesa e como se estão apenas a reunir para “prevenir a agressão” por parte da União Soviética, este pacto gera e acelera a guerra.
O Pacto Atlântico assenta numa mentira completa.
Esta mentira é que os países que o assinam enfrentam a ameaça da agressão soviética. Os hackers contratados pela imprensa e os generais banqueiros de fala dúbia em Washington espalharam esta mentira por toda parte. Eles fabricaram a teoria de uma “conquista russa da Europa” exactamente da mesma maneira e praticamente com as mesmas palavras que a máquina de guerra nazi alemã fez antes do traiçoeiro ataque fascista alemão em Junho de 1941.
Hitler estava certo quando lançou o seu ataque assassino ao povo soviético? Teria ele razão quando afirmou que a Alemanha enfrentava a ameaça de agressão russa? Todo o mundo civilizado sabe que Hitler estava mentindo descaradamente. A grande aliança de guerra anti-Eixo liderada por Roosevelt e Estaline derramou o seu sangue para provar que Hitler estava a mentir sobre a “agressão soviética” quando deu as ordens para o ataque à URSS e aos EUA em Dezembro de 1941.
Hoje, o plano de guerra anti-Comintern do Eixo está a ser reavivado pelos generais banqueiros em Londres e Washington com exactamente o mesmo objectivo: a agressão.
Solenemente, os patrocinadores desta enorme aliança de guerra falam de “movimentos agressivos soviéticos” contra os quais devem preparar-se. Quais são esses movimentos? Vamos listá-los:
- Proposta para proibir a guerra atómica, destruir todas as bombas e submeter todas as nações, incluindo a URSS, à inspecção da ONU para garantir que nada mais seja feito. Proposta rejeitada.
- Proposta para evacuar todas as tropas estrangeiras, soviéticas e americanas, da Alemanha depois que um tratado de paz for assinado e garantias forem estabelecidas para evitar um renascimento do poder de guerra alemão no Ruhr. Proposta rejeitada.
- Proposta para evacuar todas as tropas estrangeiras da Coreia. Proposta rejeitada. (Mas as tropas soviéticas partiram mesmo assim; as nossas ainda estão lá.)
- Proposta para que Stalin e Truman se reunissem para resolver questões controversas, para assinar um pacto de paz de longo prazo. Proposta rejeitada repetidamente.
Esses movimentos são agressivos? Claramente não. O que Washington fez para respondê-las? Respondeu com uma política de reavivar o poder de guerra nazi alemão no Ruhr, em violação flagrante dos acordos Potsdam-Yalta. Ela proíbe negociações de paz. A base militar do Pacto Atlântico na Europa é o renascimento do arsenal de guerra de Hitler no Ruhr sob o controlo de Wall Street. Isso a torna a Nova Munique.
Poderá algum homem honesto dizer que sente que o seu país foi ameaçado pelas repetidas ofertas de paz da União Soviética? Existe alguém que não saiba que a URSS perdeu mais de 15 milhões [Editor’s note: actually 27,000,000] da sua população há apenas quatro anos, 20 vezes mais do que todos os outros Aliados juntos?
O apelo da defesa cheira a hipocrisia. E o mundo inteiro sabe disso, apesar do talento de vendedor do Departamento de Estado.
Quais são os objetivos imediatos deste acordo de guerra?
- Fornecer um mercado para os fabricantes norte-americanos de munições, tanques, armas, etc., a ser pago pelo contribuinte americano.
- Armar governos reaccionários na Europa para a guerra civil contra os seus próprios trabalhadores, no estilo do armamento de Hitler-Mussolini, em 1935-6, do General Franco, em Espanha.
- Armar os governos europeus para a guerra contra as revoltas coloniais pela liberdade e independência (Indonésia, etc.).
- Abrir o caminho para o controlo total de Washington sobre todas as políticas internas e externas da Europa Ocidental através de ditames económicos (Plano Marshall) e através de ditames militares (Pacto Atlântico).
Os povos da Europa estão alarmados com este pacto de “defesa”. Eles sabem que isso significa uma reacção militarista contra eles e o recrutamento dos seus filhos como bucha de canhão numa guerra desnecessária e criminosa.
O povo americano não pagará menos por este desígnio maligno do que os trabalhadores europeus. Eles terão que pagar pelos suculentos contratos de munições com seus envelopes de pagamento. Eles enfrentarão o militarismo interno e o perigo cada vez maior da guerra em aliança com os cartéis nazis, os regimes fascistas de Espanha, Grécia e Turquia.
O Pacto do Atlântico é uma ameaça à segurança e à paz dos Estados Unidos porque é um esquema de criação de guerra imposto à nação por uma pequena camarilha que procura lucros de guerra e império.
Instamos que os nossos concidadãos americanos rejeitem este acordo desonesto e que insistam num regresso à política de paz de amizade americano-soviética de Roosevelt. Deixe o presidente Truman encontrar-se com Stalin para falar de paz. Vamos parar de reviver os nazistas. Abramos um grande comércio com a URSS e as democracias populares, em vez de nos precipitarmos para uma economia de armamentos. Deixe Washington assinar um pacto de paz com a URSS.
A América quer a paz, não a horrível perspectiva de uma guerra atómica.
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CONTRIBUINTE
Fonte: www.peoplesworld.org
