Os principais líderes militares relataram o plano à polícia e disseram que prenderiam Bolsonaro se ele avançasse, mostram os documentos.

Os principais líderes militares do Brasil alegaram que o ex-presidente Jair Bolsonaro lhes apresentou um plano para reverter os resultados das eleições presidenciais de 2022, de acordo com documentos judiciais.

Os documentos, divulgados na sexta-feira, oferecem algumas das primeiras evidências de que Bolsonaro esteve diretamente envolvido em um esforço para subverter a votação, que perdeu por pouco para o candidato de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

Os documentos contêm depoimentos dos antigos comandantes do exército e da força aérea do país, ambos os quais disseram que se recusaram a aceitar o plano do presidente de direita.

Em vez disso, alegaram ter alertado Bolsonaro de que qualquer tentativa de anular os resultados eleitorais poderia levar à sua prisão.

As alegações surgem como parte de várias investigações que Bolsonaro enfrenta perante o Supremo Tribunal Federal do Brasil, incluindo uma investigação que procura determinar o seu envolvimento num ataque em 2023 a edifícios governamentais importantes, pouco depois da tomada de posse de Lula.

Os autos de sexta-feira contêm um relatório da Polícia Federal, no qual o ex-comandante do Exército Marco Antonio Freire Gomes descreveu Bolsonaro realizando várias reuniões não programadas no palácio presidencial após o segundo turno de votação em 2022.

Gomes disse à Polícia Federal que, em uma das reuniões, Bolsonaro disse aos três comandantes de seus militares, além do então secretário da Defesa, Paulo Sergio Nogueira, que queria criar uma comissão para “investigar a confirmação e a legalidade do ato eleitoral”. processo”.

Ele acrescentou que outras ferramentas poderiam ser usadas para analisar as eleições, incluindo um decreto que exige o estado de sítio. Gomes disse ter dito repetidamente a Bolsonaro que “nas condições da época, não havia possibilidade de reverter o resultado das eleições do ponto de vista militar”.

O ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, também disse à Polícia Federal que rejeitou os esforços de Bolsonaro. Ele disse acreditar que a repreensão de Gomes foi fundamental para impedir que Bolsonaro tentasse reverter o resultado eleitoral.

“O general Freire Gomes disse que, se tal medida fosse tentada, ele teria que prender o presidente”, diziam os autos do tribunal.

Passaporte confiscado

A divulgação ocorreu no momento em que os promotores continuavam a investigar se Bolsonaro e seu círculo íntimo tentaram anular a eleição por meio de um golpe militar. Em fevereiro, a polícia confiscou o passaporte de Bolsonaro em meio a uma série de batidas.

Na época, uma ordem judicial do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes dizia que Bolsonaro havia recebido um projeto de decreto em novembro de 2022, elaborado por seus assessores, que teria anulado o resultado eleitoral.

Também teria emitido mandados de prisão para Moraes, bem como para o colega ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e para o líder do Senado, Rodrigo Pacheco.

A ordem judicial dizia que Bolsonaro havia solicitado algumas alterações no projeto de decreto, mas sua versão editada continuava pedindo a prisão de Moraes e uma nova eleição presidencial.

Bolsonaro já foi considerado inelegível para concorrer ao cargo até 2030, depois que o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil determinou, em junho, que ele havia espalhado alegações falsas sobre a eleição e usado indevidamente fundos públicos para fazê-lo.

Os investigadores também continuam a procurar ligações entre Bolsonaro e os tumultos de 8 de janeiro de 2023, que destruíram edifícios governamentais na capital Brasília.

Bolsonaro recusou-se a admitir publicamente a derrota após a sua derrota eleitoral, e ele e os seus aliados sugeriram que o resultado foi resultado de fraude eleitoral.

Fonte: www.aljazeera.com

Deixe uma resposta