As autoridades estão investigando o suposto papel de Bolsonaro no ataque de seus apoiadores em 8 de janeiro a instituições governamentais.

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro testemunhou à polícia federal sobre sua conduta em torno do ataque de 8 de janeiro a prédios do governo por seus apoiadores na capital Brasília após sua derrota eleitoral.

Bolsonaro chegou à sede da polícia em um veículo com vidros fumê na manhã desta quarta-feira e não prestou declarações aos jornalistas, informou a agência de notícias AFP.

Após seu depoimento, seu porta-voz Fabio Wajngarten falou brevemente aos repórteres, dizendo que Bolsonaro “repudia todos os infelizes acontecimentos ocorridos em Brasília”.

O ex-presidente de extrema-direita está sendo investigado por seu suposto papel nos distúrbios, durante os quais seus apoiadores saquearam os prédios do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do palácio presidencial para protestar contra sua derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro.

Espera-se que centenas de supostos manifestantes sejam julgados.

Nos meses anteriores à votação presidencial, Bolsonaro levantou a possibilidade de fraude eleitoral no sistema de votação eletrônica do país sem provas e nunca admitiu explicitamente a derrota.

O comparecimento do ex-presidente perante as autoridades na quarta-feira ocorreu menos de duas semanas depois que o procurador-geral do Brasil, Augusto Aras, disse que Bolsonaro “supostamente encorajou a perpetração de crimes” contra o estado de direito.

O presidente de esquerda Lula já havia acusado Bolsonaro de planejar o motim de 8 de janeiro, que ele descreveu como um “golpe”.

Bolsonaro trocou o Brasil pelos Estados Unidos no início de 2023 e só voltou no final de março, por isso não estava no país durante o motim e não compareceu à posse de Lula.

Muitos dos apoiadores de Bolsonaro disseram falsamente que a eleição foi roubada – uma alegação que foi a força motriz por trás dos distúrbios, que observadores compararam com o ataque de 2021 ao Capitólio dos EUA por apoiadores do ex-presidente Donald Trump.

Reportando de Brasília, Monica Yanikiew, da Al Jazeera, as autoridades brasileiras estão investigando uma postagem do Facebook, agora excluída, de Bolsonaro dos EUA questionando a legitimidade das eleições dois dias após o motim.

“O que a Polícia Federal e o Judiciário estão investigando é que ele está endossando os manifestantes que vêm dizendo que estavam agindo para deter o presidente [Lula] de assumir o cargo, pois achavam que as eleições haviam sido fraudadas”, disse Yanikiew.

Bolsonaro sempre negou qualquer irregularidade em relação ao motim.

No início deste mês, o ex-presidente depôs à Polícia Federal sobre três conjuntos de joias com diamantes que recebeu da Arábia Saudita durante sua gestão como presidente.

Ele também negou qualquer irregularidade nesse caso, dizendo à CNN Brasil no mês passado que estava sendo “crucificado” por um presente que não pediu nem recebeu.

Esperava-se que Bolsonaro testemunhasse em vários outros casos sobre suas ações como presidente.

Fonte: www.aljazeera.com

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