A renomada cantora e compositora de rock brasileira Rita Lee, um ícone do movimento artístico Tropicália, morreu após uma batalha de dois anos contra um câncer de pulmão, informou sua família nesta terça-feira. Ela tinha 75 anos.

“Anunciamos o falecimento de Rita Lee em sua casa em São Paulo no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como ela sempre quis”, disse um comunicado publicado na conta da cantora no Instagram, convidando o público para seu velório no dia Quarta-feira.

Sua morte trouxe uma enxurrada de homenagens de artistas, políticos e celebridades que aplaudiram seu pioneirismo no rock brasileiro.

President Luiz Inacio Lula da Silva chamei-a “uma artista à frente de seu tempo” e “um dos maiores e mais brilhantes nomes da música brasileira”.

Rita Lee Jones de Carvalho nasceu em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo, filha de um dentista descendente de Estados Unidos e de uma pianista brasileira de ascendência italiana.

Ela foi fundamental para o movimento Tropicália politicamente carregado do Brasil, que surgiu em desafio a uma ditadura militar a partir de 1964, e seu trabalho na época era frequentemente censurado.

Com mais de 20 discos gravados e 55 milhões de discos vendidos, suas canções abordavam questões relacionadas ao feminismo e ao sexo em uma época em que tais assuntos eram tabus.

Embora considerasse sua voz “fraca e um pouco desafinada”, como a de um pardal, ela desfrutou de uma longa série de álbuns mais vendidos, incluindo Rita Lee e Rita Lee & Roberto de Carvalho, e dezenas de suas canções foram apresentadas em novelas amplamente assistidas na América Latina.

A gigante rede de televisão Globo usou sua versão da música Poison Weed (Poison Ivy) em três de seus programas.

“Não nasci para casar e lavar cuecas. Eu queria a mesma liberdade dos meninos que brincavam na rua com seus carrinhos de brinquedo”, disse ela à edição brasileira da Rolling Stone em 2008.

“Quando entrei na música, percebi que o machismo reinava absoluto, ainda mais no rock. ‘Uau’, eu disse, ‘é aqui que vou deixar minhas presas para fora e, literalmente, dar-lhes um trabalho duro.’”

Foi uma cantora e compositora elogiada por sua versatilidade, tocando pelo menos cinco instrumentos: bateria, violão, piano, gaita e autoharp. Ela também foi uma das primeiras musicistas brasileiras a usar uma guitarra elétrica.

Lee se apresenta em Buenos Aires, Argentina, em novembro de 2002 [File: Natacha Pisarenko/AP Photo]

Lee ganhou fama na década de 1960 com a banda Os Mutantes, formada com Arnaldo Baptista e Sergio Dias, tocando ao lado de lendas da música pop brasileira como Gilberto Gil e Caetano Veloso com aclamação internacional.

Expulsa de Os Mutantes por Baptista, com quem era casada, por supostas divergências artísticas, Lee tocou com a banda Tutti Frutti na década de 1970.

Essa banda se separou no final da década, levando Lee a iniciar sua carreira solo, e ela tocava frequentemente com o marido Roberto de Carvalho, pai de seus três filhos.

Eventualmente, sua popularidade se estendeu para além do Brasil.

Apresentou-se em Portugal, Inglaterra, Espanha, França e Alemanha. Em 1988, o jornal britânico Daily Mirror revelou que o então príncipe Charles admirava sua música Lanca Perfume e a considerava sua cantora favorita.

Ela ganhou um Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Língua Portuguesa em 2001, por seu álbum, 3001.

Lee foi diagnosticado com câncer de pulmão em 2021 e estava em tratamento desde então.

Fonte: www.aljazeera.com

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