As observações do líder brasileiro, sugerindo que tanto a Rússia quanto a Ucrânia são culpadas por sua guerra em curso, alimentaram a raiva.

Agitando bandeiras e segurando fotografias que retratam atrocidades de guerra, os ucranianos se reuniram em frente à embaixada brasileira em Lisboa para protestar contra as recentes observações do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a guerra da Rússia em seu país.

O presidente brasileiro, que chegou a Portugal na sexta-feira para uma visita oficial de cinco dias, irritou muitos no Ocidente por sugerir que Kiev e Moscou eram os culpados pela guerra na Ucrânia. A Rússia lançou uma invasão em grande escala de seu vizinho em fevereiro de 2022.

Lula também disse que os Estados Unidos e aliados europeus deveriam parar de fornecer armas à Ucrânia, acusando-os em comentários no último fim de semana de prolongar a guerra.

Nos últimos dias, ele baixou o tom de sua retórica, condenando a violação russa da integridade territorial da Ucrânia, ao mesmo tempo em que pediu novamente uma mediação para acabar com a guerra. O governo ucraniano criticou a abordagem do Brasil por tratar “a vítima e o agressor” da mesma forma.

A refugiada ucraniana Yana Kolomiiets, que está em Portugal há quatro meses, participou do protesto de Lisboa e disse ter se sentido “terrível” ao ouvir os comentários de Lula.

“Isso me deixou tão chateado porque não sei como o presidente do Brasil pode apoiar Putin”, disse o jovem de 27 anos, chamando Putin de “assassino”.

Duas autoridades brasileiras disseram à Reuters na quinta-feira que Lula – ansioso para proteger a neutralidade do Brasil – deve evitar críticas ao papel ocidental na guerra da Ucrânia durante sua visita a Portugal. Ele se encontrará com o presidente e o primeiro-ministro portugueses no sábado.

Do lado de fora da embaixada, os manifestantes seguravam cartazes dizendo “A Rússia é um estado terrorista” e “Pare de matar nossos filhos”.

“Todos os dias morrem pessoas na Ucrânia e precisamos de apoio internacional”, afirmou o presidente da Associação Ucraniana de Portugal, Pavlo Sadokha, descrevendo como “estranho” que um “presidente… totalitarismo”.

A associação de Sadokha entregou uma carta à embaixada brasileira para expressar seu descontentamento, que foi entregue ao embaixador do Brasil, Raimundo Carreiro, e ao ministro do governo, Marcio Macedo.

“O Brasil e o presidente Lula têm vocação para a paz e o presidente vai trabalhar para unir outros países para buscar uma alternativa para acabar com esse conflito”, disse Macedo a repórteres após receber a carta.

Na terça-feira, a Ucrânia convidou Lula para visitar Kiev, um dia depois de o presidente brasileiro se encontrar com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em Brasília.

Questionado se o presidente visitaria a Ucrânia, Macedo disse que o assessor de política externa de Lula, Celso Amorim, iria. Ainda não há uma data certa, disse ele.

Fonte: www.aljazeera.com

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