A administração do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva anunciou seu plano para eliminar o desmatamento até 2030 como parte de um compromisso internacional de proteger o meio ambiente.

Lula e sua ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresentaram o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia na segunda-feira, divulgando-o como o mais recente passo em sua plataforma agressiva de combate às mudanças climáticas.

“O Brasil retomou seu protagonismo no combate às mudanças climáticas, após quatro anos em que o meio ambiente foi tratado como obstáculo ao lucro imediato de uma minoria privilegiada”, disse Lula em postagem no Twitter, aludindo às políticas de seu antecessor, Jair Bolsonaro.

“Mas os países ricos também precisam fazer sua parte. Foram eles que ao longo dos séculos mais devastaram as florestas.”

Um plano para combater o desmatamento

Quinze ministérios do governo colaboraram no plano, que inclui técnicas avançadas para documentar e rastrear o desmatamento ilegal.

O plano estipula o aumento do uso de imagens de satélite para identificar operações ilegais de extração de madeira, pecuária e mineração. Bancos de dados do governo contendo inteligência financeira, por exemplo, também serão implantados para rastrear o fluxo de dinheiro de operações não sancionadas na floresta amazônica.

Nos termos do plano, também será desenvolvido um sistema para certificar as origens da madeira e dos produtos agrícolas que possam vir de ecossistemas vulneráveis ​​ou explorados.

Além de seus esforços de combate ao crime, o plano propõe padronizar os títulos de propriedade e criar incentivos para a agricultura sustentável e outras atividades “verdes”.

“Os madeireiros do país precisam ser informados de que, se quiserem cortar árvores, plantem”, disse Lula sobre as medidas propostas.

Ele também alertou que não haveria desculpa para derrubar florestas antigas. “Na terra do povo brasileiro, seremos muito duros no cumprimento da lei.”

Uma batalha difícil

As políticas de Lula marcam um afastamento das de Bolsonaro, cujo mandato, de 2019 a 2022, coincidiu com o desmatamento recorde no Brasil.

Bolsonaro defendeu mais desenvolvimento na região amazônica, enquadrando a construção como um benefício potencial para a economia do Brasil e fechando os olhos, segundo os críticos, para operações ilegais.

Mas os oponentes de Bolsonaro condenaram o que viram como um ataque às proteções ambientais do país, que se traduziu em violência contra os indígenas que chamam a Amazônia de lar.

Em outubro, o direitista Bolsonaro foi derrotado por pouco no segundo turno contra o esquerdista Lula, que fez campanha com base na restauração da Amazônia. Partes da floresta, antes um grande sumidouro de carbono, agora liberam mais carbono do que capturam como resultado do desmatamento e dos incêndios.

Ainda assim, em novembro, Lula compareceu à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, em uma tentativa de posicionar o Brasil como líder na luta contra as mudanças climáticas.

“Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida”, disse ele na conferência.

Ainda assim, Lula enfrentou uma batalha difícil. O desmatamento caiu 61% em janeiro, seu primeiro mês no cargo, apenas para atingir um recorde em fevereiro.

E o Congresso brasileiro liderado pela oposição recentemente deu um revés a Lula, votando na semana passada para reduzir os ministérios dedicados à proteção ambiental e aos povos indígenas.

Um aniversário solene

O anúncio do desmatamento de segunda-feira chega um ano depois que o jornalista britânico Dom Phillips e o especialista indígena brasileiro Bruno Pereira foram assassinados enquanto faziam reportagens sobre a Amazônia.

Ao anunciar o plano de segunda-feira, Lula homenageou os dois homens, que trabalharam para chamar a atenção para o desmatamento e operações ilegais em terras indígenas.

“Há um ano, o brutal assassinato que os fez vítimas chocou o mundo, que passou a ver a Amazônia como uma terra sem lei e à beira da destruição”, escreveu Lula no Twitter. “Hoje, o mundo voltou a olhar para o Brasil com esperança.”

O anúncio estabelece as bases para o Brasil seguir com um acordo de 2021, forjado nas negociações climáticas da COP26 em Glasgow, na Escócia, para interromper o desmatamento até 2030.

Estima-se que 145 países aderiram à declaração de Glasgow, que cobriria aproximadamente 85% das florestas e bosques do mundo. Entre eles, 12 governos prometeram US$ 12 bilhões para proteger e restaurar os ecossistemas florestais, com fundos destinados às populações indígenas.

Fonte: www.aljazeera.com

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