O assessor de Bolsonaro, Mauro Cid, é acusado de ter ‘reunido documentos’ para apoiar um golpe contra o presidente Lula.

A Polícia Federal do Brasil divulgou um relatório detalhando evidências de que um assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro estava envolvido em um plano para dar um golpe militar, após a derrota do líder de extrema direita nas eleições de 2022.

Divulgada na sexta-feira, a reportagem denuncia que o assessor, tenente-coronel Mauro Cid, “reuniu documentos com o objetivo de obter respaldo ‘legal e jurídico’ para a execução de um golpe de Estado”.

Esses documentos foram recuperados do celular de Cid, segundo a reportagem, e delineavam possíveis medidas para impedir a transferência do poder para o sucessor de Bolsonaro, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A derrota apertada de Bolsonaro provou ser divisiva, alimentando protestos de extrema-direita e ameaças de violência nas semanas que antecederam a posse de Lula. Uma semana após a posse de Lula, apoiadores de Bolsonaro convergiram para a Praça dos Três Poderes, na capital Brasília, em 8 de janeiro, atacando prédios do governo em uma aparente tentativa de desencadear um golpe militar.

O relatório de sexta-feira é a mais recente revelação a sugerir que alguns membros do círculo interno de Bolsonaro estavam envolvidos na oposição ou na interrupção da transferência pacífica de poder.

O próprio Bolsonaro nunca admitiu publicamente a derrota e, bem antes da primeira votação, ele sugeriu – sem evidências – que a votação seria prejudicada por fraude.

No mês seguinte à derrota de Bolsonaro, sua coalizão de extrema-direita buscou a “invalidação” das urnas eletrônicas, alegando “falhas” que, no final das contas, nunca foram comprovadas.

O chefe do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, Alexandre de Moraes, acabou rejeitando o desafio da coalizão, descrevendo o esforço como sendo de “má fé”. A coalizão também foi multada em US$ 4,3 milhões por “ausência total de qualquer evidência”.

No entanto, grupos de extrema direita continuaram a rejeitar os resultados das eleições, que marcaram a terceira corrida presidencial bem-sucedida de Lula, após vitórias em 2002 e 2006.

O esquerdista Lula acusou abertamente Bolsonaro de participar de tentativas de golpe, dizendo em fevereiro: “Tenho certeza de que Bolsonaro participou ativamente disso e ainda está tentando participar”.

Mas Bolsonaro e seus advogados sustentaram a inocência do ex-presidente. Atualmente, Bolsonaro enfrenta várias investigações, inclusive sobre sua possível “instigação” do ataque de 8 de janeiro.

O relatório de sexta-feira ecoa alegações semelhantes sobre Anderson Torres, que anteriormente atuou como ministro da Justiça de Bolsonaro. Uma batida policial na casa de Torres em janeiro revelou um projeto de decreto que propunha medidas para a “correção” dos resultados das eleições de outubro, segundo o atual ministro da Justiça, Flavio Dino.

Os documentos supostamente recuperados do telefone de Cid também sugeriam medidas para anular a eleição, incluindo a declaração de um “estado de sítio” para restaurar “o estado democrático de direito”.

De acordo com os documentos, um “interveniente” seria nomeado nesse ínterim para liderar as Forças Armadas do Brasil e agências federais de segurança.

Outro passo proposto nos documentos foi investigar e possivelmente remover vários ministros da Suprema Corte, incluindo De Moraes, que incentivou esforços para processar supostos conspiradores e agressores do 8 de janeiro.

De Moraes autorizou a desclassificação do relatório de sexta-feira depois que partes de seu conteúdo foram divulgadas na mídia brasileira. A revista Veja foi a primeira a divulgar a história.

Atualmente, Cid está preso enquanto a polícia investiga sua suposta participação em outro esquema: falsificar registros de vacinação COVID-19 para Bolsonaro.

O presidente de extrema direita e ex-capitão do exército jurou nunca tomar a vacina, mas relatórios de saúde divulgados em fevereiro mostraram que ele estava listado como vacinado, levando a mais uma investigação federal.

Fonte: www.aljazeera.com

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